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Novo estudo aponta tartarugas e baleias contaminadas pela lama de rejeitos de Mariana

Data: 12/09/2024 - Autor: Revida Mariana

Um novo estudo divulgado nesta quinta-feira (12) apontou que peixes, tartarugas e até baleias estão contaminados pela lama do crime socioambiental de Mariana (MG). De acordo com o g1 ES, pesquisadores constataram, pela primeira vez, a presença de metais provenientes do rompimento da barragem de Fundão em todos os níveis de vida estudados na foz do Rio Doce e costa marinha do Espírito Santo e Sul da Bahia.

MAB faz atos em BH para exigir participação efetiva em acordos por reparação (Foto: Juliana Nicoli/ MAB)
MAB faz atos em BH para exigir participação efetiva em acordos por reparação (Foto: Juliana Nicoli/ MAB)

Os animais doentes e deformados foram encontrados por pescadores que atuam em rios e no mar do Espírito Santo. A reportagem do g1 mostra flagrantes de tartarugas com úlceras na cabeça e nadadeiras, peixes com machucados e ostras com lama. Além disso, animais vivos encontrados pelos trabalhadores estão com mau cheiro, diferentemente do que acontecia antes do desastre de Mariana (MG).

Ainda segundo a reportagem, ao menos 15 metais diferentes foram encontrados nos animais, inclusive naqueles do topo da cadeia alimentar, como tartarugas e baleias, de acordo com o estudo. Anteriormente, a contaminação causada pela lama de rejeitos era identificada em animais microscópicos e da base da cadeia alimentar. Aves e toninhas também apresentaram metais.

Esses dados divulgados pela reportagem do g1 estão no 5° relatório anual dos ambientes dulcícola, costeiro e marinho. O estudo detalha as principais conclusões sobre a saúde dos ecossistemas aquáticos monitorados pelo Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática (PMBA).

Atingidos lutam por participação em repactuação

MAB Atos BH
MAB faz atos em BH para exigir participação efetiva em acordos por reparação (Foto: Juliana Nicoli/ MAB)

Enquanto o meio ambiente sofre as consequências da tragédia de Mariana, a luta da população por uma reparação justa continua. Na semana passada, durante os atos realizados em Belo Horizonte, no dia da Amazônia (5 de setembro), atingidos e atingidas falaram sobre as dores das comunidades e cobraram participação na mesa de repactuação.

“E onde está a justiça do país? Fecha a porta para o atingido e abre a porta para o assassino? Quem senta na mesa para falar dos nossos direitos não somos nós. A luta só vai avançar quando nós entrarmos na mesa da repactuação e sentarmos lá”, disse Rosa Alves, pescadora de Povoações, na foz do Rio Doce (ES), em audiência pública promovida na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Audiência pública
Rosa Alves, pescadora do ES, durante audiência pública em BH

Ela ainda reforçou a falta de legitimidade da repactuação caso os atingidos não tenham acesso às negociações junto aos governos e instituições. “Não aceitamos repactuação sem que o atingido sente na mesa. Nós não vamos mais lamentar, eu não quero mais lamentar o que nós lamentamos há nove anos. A casa que destruíram está dentro de nós, e nós temos voz! Nós estamos vivos, e enquanto há vida, há esperança!”, completou.

Ainda durante os atos da última semana, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) foi recebido no Tribunal Regional Federal da 6ª região (TRF6). Na ocasião, uma carta de reivindicações com demandas dos moradores das regiões afetadas pelo rompimento da Barragem de Fundão foi entregue às autoridades presentes. Nela, os atingidos e atingidas pedem a criação de um comitê local para dar continuidade às negociações e a implementação de uma Câmara de Repactuação, que incluiria representantes das comunidades atingidas.

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